HUBBLE DIVULGA NOVA OBSERVAÇÃO DA GALÁXIA HUNGARA
Crédito: ESA / NASAConheça NGC 1222, uma "lenticular", ou galáxia em forma de lente que está atualmente no processo de devorar duas galáxias anãs próximas. O gás recém-adquirida e poeira em NGC 1222 tem causado uma onda de novas explosoes de nascimentos estrelas que está iluminando a galáxia. Esta foto foi feita pela lente Largo 3. Field Camera do Telescópio Espacial Hubble - Hanneke Weitering
BURACO NEGRO SUPER FAMINTO REACENDE GALÁXIA APAGADA DA ESCURIDÃO
O mistério da estranha mudança de comportamento de um buraco negro supermassivo situado no centro de uma galáxia distante foi resolvido por uma equipe internacional de astrônomos com o auxílio do Very Large Telescope do ESO, do Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA e do Observatório de Raios X Chandra da NASA. A equipe concluiu que o buraco negro está atravessando um período difícil, não sendo alimentado o suficiente para poder brilhar.Muitas galáxias possuem um núcleo extremamente brilhante alimentado por um buraco negro supermassivo. Estes núcleos fazem das “galáxias ativas” uns dos objetos mais brilhantes do Universo. Pensa-se que resplandecem porque material quente brilha intensamente à medida que cai no buraco negro, um processo conhecido por acreção. Esta luz brilhante varia imensamente entre diferentes galáxias ativas, por isso os astrônomos classificaram-nas em diversos tipos segundo as propriedades da radiação que emitem.
Observou-se que algumas destas galáxias variam drasticamente em períodos de apenas 10 anos; um piscar de olhos em termos astronômicos. No entanto, a galáxia ativa deste estudo, Markarian 1018, destaca-se por ter mudado de tipo uma segunda vez, voltando à sua classificação original nos últimos 5 anos. Observaram-se já algumas galáxias que apresentam também uma mudança completa de ciclo, no entanto nunca nenhuma tinha sido estudada em tantos detalhes.
A natureza instável de Markarian 1018 foi descoberta por acaso no rastreio CARS (Close AGN Reference Survey), um projeto de colaboração entre o ESO e outras organizações, que pretendeu juntar informação sobre 40 galáxias próximas com núcleos ativos. As observações de rotina de Markarian 1018 com o instrumento MUSE (Multi-Unit Spectroscopic Explorer), instalado no Very Large Telescope do ESO revelaram uma mudança surpreendente na emissão de radiação da galáxia
“Ficamos espantados com a mudança rara e drástica de Markarian 1018”, disse Rebecca McElroy, autora principal do artigo científico que descreve estes resultados e estudante de doutoramento da Universidade de Sydney e do ARC Centre of Excellence for All Sky Astrophysics (CAASTRO).
A observação ocasional desta galáxia tão perto da época em que começou a se apagar deu-nos a oportunidade inesperada de compreender como funcionam estas galáxias, como Bernd Husemann, líder do projeto e autor principal de dois artigos associados à descoberta, explica: ”Tivemos sorte em detectar este evento apenas 3 ou 4 anos após o início do declínio, o que nos possibilitou organizar campanhas de monitoramento para estudar os detalhes da física de acreção em galáxias ativas que, de outro modo, não poderiam ser estudados.”
A equipe de pesquisadores aproveitou esta oportunidade, tentando descobrir prioritariamente o processo que faz com que o brilho de Markarian 1018 varie de modo tão rápido. Este fenômeno pode ser causado por vários eventos astrofísicos, mas a equipe já descartou o efeito do buraco negro ter sugado e consumido uma estrela, assim como é pouco provável que esteja acontecendo obscurecimento por parte de gás ao seu redor. O verdadeiro mecanismo responsável pela surpreendente variação de Markarian 1018 permaneceu um mistério após a primeira rodada de observações.
No entanto, a equipe conseguiu coletar dados adicionais com tempo de observação no Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA e no Observatório de Raios X Chandra da NASA. Com estes novos dados o mistério acabou sendo resolvido — o buraco negro está se apagando lentamente porque já não tem material para acretar.
“É possível que esta falta de matéria se deva ao fato da entrada de combustível ter sido interrompida”, disse Rebecca McElroy. “Uma possibilidade intrigante é este efeito ser devido a interações com um segundo buraco negro supermassivo”. A existência de um tal sistema binário de buracos negros é uma possibilidade clara em Markarian 1018, já que esta galáxia resulta da fusão entre duas galáxias — cada uma das quais conteria muito provavelmente um buraco negro supermassivo no seu centro.
As pesquisas sobre os mecanismos que atuam em galáxias ativas que mudam de aparência, assim como Markarian 1018, continuam. “A equipe teve que trabalhar rapidamente para determinar o que é que estava fazendo com que Markarian 1018 voltasse à escuridão,” comentou Bernd Husemann. ”Campanhas de monitoramento atualmente em curso com os telescópios do ESO e outras infraestruturas permitirão explorar com muito mais detalhe o extraordinário mundo dos buracos negros “esfomeados” e das galáxias ativas varáveis.”
OBSERVANDO A CONSTRUÇÃO DE NOVOS SISTEMAS SOLARES
O instrumento SPHERE do ESO revela discos protoplanetários a serem esculpidos por planetas recém nascidosNovas observações muito nítidas revelaram estruturas notáveis em discos de formação planetária situados em torno de estrelas jovens. O instrumento SPHERE, montado no Very Large Telescope do ESO, tornou possível observar a dinâmica complexa de sistemas planetários jovens — incluindo um que vemos desenvolver em tempo real. Os resultados recentemente publicados por três equipes de astrônomos demonstram as capacidades impressionantes do SPHERE em capturar a maneira como os planetas esculpem os discos que os formam — mostrando a complexidade do meio no qual estes novos mundos nascem.Três equipes de astrônomos utilizaram o SPHERE, um instrumento de vanguarda na busca de exoplanetas, montado no Very Large Telescope (VLT) no Observatório do Paranal do ESO, no intuito de compreenderem a evolução enigmática de jovens sistemas planetários. O aumento do número de exoplanetas conhecidos nos últimos anos faz com que o estudo destes objetos seja um dos mais dinâmicos campos da astronomia moderna.Sabe-se hoje que os planetas se formam a partir de vastos discos de gás e poeira situados em torno de estrelas recém nascidas, os chamados discos protoplanetários. Estes discos podem estender-se por centenas de milhões de quilômetros. Ao longo do tempo, as partículas nestes discos protoplanetários colidem, combinam-se e eventualmente vão crescendo até terem o tamanho de planetas. No entanto, os pormenores sobre a evolução destes discos de formação de planetas permanecem ainda um mistério.O SPHERE é uma adição recente ao complemento de instrumentos do VLT que, com a sua combinação de tecnologias inovadoras, nos fornece um método poderoso para obter imagens diretas de detalhes extremos em discos protoplanetários. A interação entre estes discos e os planetas que nele estão se formando pode fazer com que os discos tomem diversas formas: enormes anéis, braços espirais ou vazios escuros. Estas formas são de particular interesse, uma vez que ainda estamos à procura de uma ligação clara entre estas estruturas e os planetas que as esculpem — um mistério que os astrônomos pretendem resolver sem demora. Felizmente, as capacidades especializadas do SPHERE tornam possível a observação direta destas notáveis estruturas.Por exemplo, RXJ1615 é uma estrela jovem situada na constelação do Escorpião, a 600 anos-luz de distância da Terra.
Uma equipa liderada por Jos de Boer, do Observatório de Leiden na Holanda, descobriu um sistema complexo de anéis concêntricos em torno da jovem estrela, criando uma forma que parece uma versão titânica dos anéis que rodeiam Saturno. No passado, apenas se obtiveram algumas imagens de uma tão intricada escultura de anéis num disco protoplanetário e, mais excitante ainda, todo o sistema parece ter apenas 1,8 milhões de anos de idade. O disco apresenta indícios de ter sido esculpido por planetas ainda em processo de formação.A idade do novo disco protoplanetário detectado faz da RXJ1615 um sistema notável, uma vez que a maioria dos outros exemplos de discos protoplanetários detectados até hoje são relativamente velhos ou evoluídos. Os resultados inesperados da equipe de de Boer foram rapidamente seguidos pelas descobertas de uma equipe liderada por Christian Ginski, também do Observatório de Leiden.Esta equipe observou a jovem estrela HD97048, situada na constelação do Camaleão, a cerca de 500 anos-luz de distância da Terra.
Através de análise muito detalhada, os investigadores descobriram que o jovem disco que rodeia esta estrela está também estruturado em anéis concêntricos. A simetria destes dois sistemas é um resultado surpreendente, uma vez que a maioria dos sistemas protoplanetários observados até hoje contêm uma multitude de braços espirais assimétricos, vazios e vórtices. Estas descobertas aumentam significativamente o número de sistemas conhecidos com anéis múltiplos altamente simétricos.Um exemplo particularmente espetacular do disco assimétrico mais comum foi capturado por um grupo de astrônomos liderado por Tomas Stolker do Instituto de Astronomia Anton Pannekoek, na Holanda.Este disco rodeia a estrela HD135344B, situada a cerca de 450 anos-luz de distância.
Embora esta estrela tenha já sido bem estudada no passado, o SPHERE permitiu observar estruturas notáveis no disco protoplanetário da estrela — incluindo uma enorme cavidade central e duas estruturas em forma de braços em espiral proeminentes. Pensa-se que estas estruturas foram criadas por um ou mais protoplanetas massivos, destinados a tornarem-se mundos do tipo de Júpiter.Adicionalmente, foram observadas quatro faixas escuras, aparentemente sombras lançadas pelo movimento do material no disco de HD135344B. Notavelmente, uma das tiras teve uma variação notória nos meses que decorreram entre os períodos de observação: um exemplo raro de evolução planetária acontecendo em tempo real de observação, e apontando para mudanças a ocorrer nas regiões do disco interno que não podem ser diretamente detectadas pelo SPHERE. Para além de produzirem belas imagens, estas sombras cintilantes dão-nos uma oportunidade única de investigar a dinâmica das regiões mais internas do disco.Tal como com os anéis concêntricos descobertos por de Boer e Ginski, estas observações obtidas pela equipe de Stolker provam que o meio complexo e em mudança dos discos que rodeiam as estrelas jovens são ainda capazes de nos mostrar novas descobertas surpreendentes. Ao compreenderem melhor estes discos protoplanetários, estas equipes avançam cada vez mais no caminho de compreenderem como é que os planetas esculpem os discos que os formam — e portanto compreenderem a própria formação planetária.
NOSSO UNIVERSO TEM 10 A 20 VEZES MAIS GALÁXIAS DO QUE ACREDITÁVAMOS
O Universo tem 10 ou 20 vezes mais galáxias do que pensávamos
Sabe aquelas 200 bilhões de galáxias existentes no Universo observável? O detalhe é que não estávamos enxergando os outros 90%...Quando já estávamos (quase) nos acostumando com a vastidão do Universo e suas 200 bilhões de galáxias, uma nova contagem surpreendeu os cientistas, desafiando novamente nosso conhecimento.Segundo um novo estudo, a quantidade de galáxias existentes no Universo observável é entre 10 e 20 vezes maior do que apontavam as estimativas anteriores, elevando o total de galáxias para cerca de 2 trilhões!Os "novos" membros da árvore genealógica são galáxias pequenas, escuras, e repleta de estrelas, que se formaram durante os primeiros dias do Universo. O espaço era menor daquela época, e as galáxias ficam mais próximas umas das outras, se compararmos com o Universo atual.A primeira contagem oficialNa década de 1990, o Telescópio Espacial Hubble observou atentamente uma pequena região do céu, revelando milhares de galáxias que se estendiam no espaço-tempo. E de acordo com os cálculos do estudo, os cientistas estimaram que o Universo observável continha entre 100 bilhões a 200 bilhões de galáxias, segundo o astrônomo Christopher Conselice, da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.A nova contagem do número de galáxiasAgora, uma nova análise das imagens do Hubble Deep-Field, combinada com outros dados, mostra que o Universo observável contém 10 ou 20 vezes mais galáxias do que pensávamos, e que 90% dessas galáxias são muito tênues para serem vistas com os telescópios atuais. O novo estudo foi aceito para publicação na revista The Astrophysical Journal.Os cientistas converteram imagens feitas pelo Hubble e por outros telescópios em mapas tridimensionais para que a densidade das galáxias pudessem ser calculadas, assim como seus volumes.Great Observatories Origins Deep Survey - GOODS. Essa imagem mostra uma região de galáxias chamada The Great Observatories Origins Deep Survey (GOODS).Créditos: NASA / ESA / GOODS Team / M. Giavalisco / University of Massachusetts / Amherst"Esta investigação meticulosa permitiu que a equipe percebesse a quantidade de galáxias perdidas, como numa escavação arqueológica intergaláctica ... Os resultados deste estudo são baseados nas medições dos números de galáxias observadas em diferentes períodos da evolução do cosmos, revelando a história do Universo", disse um comunicado da Universidade de Nottingham."Parece que quando o Universo tinha apenas alguns bilhões de anos, havia um número 10 vezes maior de galáxias em um dado volume de espaço do que há dentro de um volume semelhante hoje", disseram os cientistasPortanto, ao observar o Universo distante, estamos olhando para o passado, e percebemos que havia um número consideravelmente maior de galáxias no início do Universo. Embora grande parte dessas galáxias antigas já tenham se misturado com outras, alterando completamente sua forma e tamanho, elas existiram, e conseguimos ter um vislumbre de como tudo começou."Isso é muito surpreendente", acrescentou Christopher. "Nos 13,7 bilhões de anos de evolução cósmica desde o Big Bang, as galáxias têm crescido através da formação de estrelas e fusões com outras galáxias. Encontrar mais galáxias no passado revela que houve uma evolução significativa, reduzindo a quantidade de galáxias através da fusão de sistemas."Imagens: (capa/NASA/ESA) / NASA / ESA / GOODS .
A BRILHANTE VIA LÁCTEA AUSTRAL
Esta imagem de grande angular mostra a Via Láctea estendendo-se ao longo do céu austral. Podemos ver à direita da imagem a Nebulosa Carina (NGC 3372), brilhando em vermelho. É no seio deste braço em espiral da nossa Galáxia que reside o brilhante aglomerado estelar NGC 3603. No centro da imagem vemos a constelação do Cruzeiro do Sul. A estrela amarela esbranquiçada à esquerda da imagem é Alfa Centauri, que se trata na realidade de um sistema de três estrelas, situado a uma distância de cerca de 4,4 anos-luz da Terra. A estrela Alfa Centauri C, ou Proxima Centauri, é a estrela mais próxima do Sistema Solar.
Crédito: A. Fujii
ASTRÔNOMOS OBSERVAM UM OLHO QUE TUDO VÊ
Os astrônomos passam o seu tempo observando o Universo e ocasionalmente parece que o Universo nos observa também! Esta imagem, uma composição de dados obtidos com o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) e o Telescópio Espacial Hubble da NASA/ESA, mostra uma visão cósmica muito rara: um par de galáxias em interação com uma estrutura ocular.
Como o nome sugere, alguns tipos de encontros rasantes entre galáxias dão origem a formas que parecem um olho humano. Apesar das colisões de galáxias deste tipo não serem incomuns, apenas algumas galáxias com estruturas parecidas a olhos, ou oculares, foram observadas. A raridade destas estruturas deve-se muito provavelmente à sua natureza muito efêmera — estruturas oculares como esta tendem a durar apenas várias dezenas de milhões de anos, o que corresponde a um piscar de olhos na vida de uma galáxia.
Estas duas galáxias chamam-se IC 2163 (a da esquerda) e NGC 2207 (a da direita) e é IC 2163 que apresenta a estrutura ocular nesta imagem. O duo situa-se aproximadamente a 114 milhões de anos-luz de distância da Terra na direção da constelação do Cão Maior.
As galáxias passaram de raspão uma pela outra — apenas raspando as extremidades exteriores dos seus braços espirais— com IC 2163 passando por trás de NGC 2207. Esta colisão de relance deu origem a um tsunami de estrelas e gás em IC 2163, com o material das regiões exteriores do disco da galáxia deslocando-se para o interior do objeto. Esta onda colossal de material desacelerou rapidamente, movimentando-se da extremidade exterior para a extremidade interior das “pálpebras”, tendo chocado a meio caminho no disco da galáxia e produzindo faixas resplandecentes de formação estelar intensa e rugas comprimidas de gás e poeira que parecem um par de “pálpebras” cósmicas.