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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

SONDA VOYAGER 1 ESTA PERTO DE CRUZAR A FRONTEIRA DO SISTEMA SOLAR E O RESTANTE DO ESPAÇO



Na tentativa de desvendar os segredos do universo, a conquista da Lua e as viagens a Marte já não bastam à curiosidade humana. Além das recentes descobertas da missão Interstellar Boundary Explorer (Ibex), que detectou matéria “alienígena” no início deste mês, a passagem de um objeto enviado da Terra pela última borda do Sistema Solar começa a se tornar realidade.  A façanha será alcançada pela sonda Voyager 1 em questão de meses ou poucos anos, de acordo com a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa). O equipamento já se encontra em uma região nunca alcançada antes, a 119 anos astronômicos do Sol, algo entre 11 bilhões e 18 bilhões de quilômetros de distância. Ao cruzar a última fronteira entre o sistema que abriga a Terra e o restante do espaço, passará a navegar por um ambiente desconhecido.
Mal haviam se passado oito anos desde a primeira viagem do homem à Lua, duas espaçonaves deixaram o Cabo Canaveral, na Flórida, para uma missão bem mais ousada: investigar, de perto, Júpiter e Saturno. Em 20 de agosto de 1977, partia a Voyager 2. Quinze dias depois, era seguida pela Voyager 1, que, devido a uma trajetória melhor, ultrapassou a primeira. À medida que as naves cumpriam com precisão seus objetivos, a Nasa decidiu delegar a elas uma tarefa ainda mais impressionante: descobrir o que há além da área de influência do Sol.  Supertelescópios como o Hubble já fizeram imagens de galáxias longínquas – algumas até mesmo do universo ainda recém-formado, mas esses equipamentos orbitam a Terra, e não viajam pelo espaço, como algumas pessoas podem pensar. O mesmo ocorre com o Ibex, pequeno satélite no formato de um pneu de ônibus, que captura, a distância, partículas “alienígenas” espalhadas pelo vento solar. O mais longe que a sonda chegará é um pouco abaixo da órbita de Plutão. As “trintonas” Voyager 1 e 2 continuam, portanto, sendo os únicos objetos construídos pelo homem que devem sair de fato do Sistema Solar.  Graças às duas naves, muito do universo próximo foi revelado. Foram elas que fotografaram Júpiter e Saturno com uma precisão impressionante, armazenaram dados sobre tempestades em outros planetas, detectaram diversos elementos químicos em satélites, estudaram os anéis de Urano, desvendaram a atmosfera extraterrestre, investigaram movimentos de rotação e translação e conseguiram até mesmo revelar a forma achatada do Sistema Solar. Um grande marco na história do programa ocorreu em dezembro, quando a Nasa anunciou que a Voyager 1 entrou em uma região da heliosfera entre o Sistema Solar e o espaço interestelar. O local, chamado por astrônomos de região de estagnação, foi apelidado de “purgatório cósmico” pela agência. Ali, há uma diminuição de concentração das partículas carregadas, lançadas pelos ventos solares.  “Esse é um território completamente novo, já proposto teoricamente. Seria a camada final entre o Sistema Solar e o restante do espaço, mas apenas recentemente tivemos a constatação de que a região de estagnação existe”, afirma o professor de física aplicada da Universidade Johns Hopkins Rob Decker. O cientista, que analisa dados enviados pela sonda, diz que lá a velocidade do vento solar é menor e incomum. Por um motivo ainda desconhecido, obedece a trajetórias aparentemente aleatórias. “Ele pode, mesmo, dar a ‘marcha a ré’, em vez de ir em frente”, afirma o pesquisador.

Elétrons
Segundo a Nasa, uma indicação de que a Voyager 1 chegou à fronteira do espaço interestelar é que a sonda detectou um aumento de 100 vezes na atividade dos elétrons, intensidade que seria impulsionada por algo que está fora do Sistema Solar. “Isso ocorre ao mesmo tempo em que a intensidade de partículas originadas no nosso Sistema Solar manteve-se estável para, depois, entrar em declínio”, relata a agência. “A natureza está cheia de mistérios a serem descobertos. São programas como o Voyager e o Ibex, além de vários outros, incluindo telescópios, satélites e outras sondas, que estão nos ajudando a revelar alguns desses segredos”, reflete Pammela Frish, pesquisadora de astronomia e astrofísica da Universidade de Chicago. “A análise dos elementos que estão na fronteira do Sistema Solar e no espaço interestelar é o que pode revelar a nossa própria origem, por isso missões assim são tão importantes”, avalia. O Ibex, que já foi tema de um artigo publicado por Frish na revista Science, começa a trazer dados empolgantes para os astrônomos. Recentemente, em uma coletiva de imprensa, cientistas da Nasa anunciaram que a sonda detectou partículas do espaço interestelar, mostrando que a composição do Sistema Solar é bastante diferente de tudo aquilo que o rodeia. Ao que tudo indica, por aqui há mais oxigênio – na matéria alienígena, o Ibex encontrou 74 átomos do elemento para cada 20 átomos de neônio. No sistema onde está a Terra, a quantidade de O2 é maior: 111 para cada 20.  “Isso é importantíssimo porque nos revela muito sobre o big bang”, diz Frish. “A história da formação da matéria não está fechada. Sabe-se que, no início, os primeiros elementos foram hélio e hidrogênio. O oxigênio, um elemento muito mais pesado, surgiu muito tempo depois. A resposta sobre a formação e a evolução da Via Láctea está lá fora, além da heliosfera”, garante a astrofísica. “Antes que as Voyager se tornem obsoletas, o que deve ocorrer em 2020, nós certamente vamos ter as melhores pistas já reveladas da cosmologia.”

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