Técnico examina o Espectrômetro Magnético Alfa no Kennedy Space Center da Nasa, enquanto o módulo ainda estava na Terra. Foto: AP
Um projeto orçado em US$ 2 bilhões e realizado na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) está muito perto de explicar um dos maiores mistérios do universo. Uma equipe internacional de cientistas afirmou nesta quarta-feira que o detector de raios cósmicos encontrou o primeiro indício da matéria escura, algo que nunca foi observado diretamente.
Os cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern) apresentaram hoje os primeiros resultados das pesquisas com o Espectrômetro Magnético Alfa (AMS, na sigla em inglês), que está no espaço há dois anos. Os resultados apontam para a existência de um novo fenômeno na física que poderia ser classificado como a matéria desconhecida.
O Nobel de física Samuel Ting, que lidera a equipe do laboratório europeu localizado nas proximidades de Genebra, na Suíça, disse que espera uma resposta mais conclusiva nos próximos meses. O anúncio se baseia na descoberta de um excesso de pósitrons - partículas subatômicas com carga positiva, equivalentes ao elétron da matéria escura. Cerca de 400 mil pósitrons foram encontrados pelo AMS.
Matéria escura
A matéria escura não emite luz e não pode ser detectada por telescópios - é uma matéria invisível misteriosa que só pode ser detectada de modo indireto pela força gravitacional que exerce. Especialistas sugerem que ela é formada por partícula massivas que interagem fracamente (WIMPs, na sigla em inglês) - que praticamente nunca interagem com partículas normais de matéria. Acredita-se que essa substância constitui mais de 80% de toda a matéria do universo.
O excesso de pósitrons tem sido observado por mais de 20 anos, e sempre despertou interesse da comunidade científica. O AMS é o primeiro experimento a provar em detalhes a natureza desse excesso e classificá-lo como antimatéria, informou o físico Samuel Ting ao apresentar os resultados da descoberta.
Os cientistas afirmam que observaram muitos novos fenômenos nesse espectro de pósitrons. Em breve, garantem, a origem desse excesso será compreendida. A matéria escura é uma parte integrante das teorias que explicam como é que as galáxias se formam e evoluem.
Espectrômetro Magnético Alfa
O Espectrômetro Magnético Alfa permanecerá no espaço por duas décadas. Esse módulo chegou à ISS em 2011 como parte da última missão do ônibus espacial Endeavour. O espectrômetro mede partículas de raios cómicos no espaço em busca de pistas sobre a matéria escura e a antimatéria. Depois de detectar bilhões dessas partículas ao longo de um ano e meio, o experimento registrou um sinal que pode ser o resultado da matéria escura.
O experimento foi realizado no espaço depois que todas as tentativas de detecção de matéria escura em laboratórios na Terra falharam. Desde maio de 2011, o detector do espectrômetro já mediu 6,8 milhões de pósitrons e elétrons.
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